30 anos do real: Cesta Básica em Foco – A Evolução dos Salários frente ao Aumento dos Preços

Desde 1994, cesta básica em SP cresceu 1.126,78%. Salário mínimo aumentou 2.079,35%. Inflação oficial acumula 656,28%.

De tempos em tempos, ganha destaque na web algum panfleto de mercado dos anos 90. Ele comumente causa espanto nos consumidores ao compararem os valores dos itens naquela época com os preços atuais. A surpresa é compreensível, especialmente quando se observa o aumento exorbitante dos custos da cesta básica ao longo dos anos.

Em meio a essa nostalgia, é interessante refletir sobre como a cesta básica era vista e valorizada antigamente. Hoje em dia, montar um conjunto básico de alimentos pode demandar um investimento considerável, tornando a cesta fundamental um item de extrema importância para muitas famílias. A evolução dos preços e a necessidade de se adaptar a novas realidades financeiras fazem com que a cesta básica seja mais do que um simples cestinho de compras, mas sim uma coleção essencial para a sobrevivência.

Impacto da Valorização Cambial na Cesta Básica

Desde que o real se tornou a moeda oficial do Brasil, há exatos 30 anos, o valor nominal da cesta básica em São Paulo já registrou um aumento significativo de 1.126,78%. Essa valorização expressiva foi apontada em um estudo realizado pelo Valor Data, com base em informações fornecidas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

É crucial ressaltar que a década de 1990 marcou uma época diferente da atualidade, onde a trajetória estável dos preços era bem distinta. O salário mínimo, por exemplo, teve um crescimento de 2.079,35% nesse período, superando consideravelmente a evolução da cesta básica.

A inflação oficial, por sua vez, apresentou um avanço de 656,28% desde julho de 1994 até os dados mais recentes, evidenciando a complexa dinâmica econômica. O avanço real da cesta básica, ou seja, o aumento dos preços acima da inflação, foi de aproximadamente 62,21%, revelando a pressão financeira sobre os consumidores.

Apesar do encarecimento dos produtos, é importante notar que a valorização cambial desempenhou um papel crucial na contenção dos preços dos alimentos. Mesmo com a alta das commodities agrícolas no mercado internacional, o Brasil conseguiu administrar essa situação devido a limitações na taxa de câmbio.

Ao longo dos anos, houve uma valorização cambial que contribuiu para manter a estabilidade dos preços, evitando pressões inflacionárias. O economista Leandro Horie, do Dieese, destaca que o reajuste real do salário mínimo e a política de controle de preços dos alimentos foram fatores determinantes nesse cenário.

Analisando de perto, percebemos que alguns itens da cesta básica tiveram aumentos expressivos tanto em termos nominais quanto reais. Por exemplo, o tomate teve um aumento de 1.910,34% nominalmente e 165,8% real, enquanto a banana e a batata também registraram aumentos significativos na comparação real.

Por outro lado, houve produtos que, apesar do aumento nominal, apresentaram queda real nos preços. O feijão carioquinha, o óleo, o açúcar e o café são exemplos de itens que, apesar das altas nominais, tiveram reduções reais nos valores. Essa análise demonstra a complexidade da evolução dos preços da cesta básica ao longo das últimas décadas.

Fonte: @ Valor Invest Globo