Em Busca da Beleza no Século 21: Como a IA Transforma o Conceito de Perfeição

Tecnologia digital reforça estereótipos de gênero e raça, afetando comunidade LGBTQ com padrões literais e estratégias que atacam realidade virtual da gordura e semelhanças.

Dez mulheres competindo em um concurso de beleza é algo comum. Algumas exibem sua beleza de maneira natural, enquanto outras sorriem para as lentes, capturando sua beleza em um instante único.

Em um concurso tradicional de beleza, a busca pela perfeição muitas vezes resulta em padrões irreais. No entanto, a verdadeira beleza vai além do que é tradicional, celebrando a diversidade e singularidade de cada pessoa.

Concurso de Beleza Digital: A Nova Era da ‘Beleza’ Tradicional

Como muitos outros concursos realizados em países ao redor do mundo, as concorrentes são jovens, magras e incorporam muitos dos padrões que definem a ‘beleza’ tradicional. No entanto, é importante ressaltar que essas representações de beleza são irreais. Tudo sobre elas, desde a aparência até a emoção em seus rostos, é gerado por inteligência artificial (IA), marcando assim o surgimento do primeiro concurso de beleza de IA do mundo. Cada concorrente tem um criador ou equipe de criadores que utilizam tecnologia de ponta, como DALL·E 3 da Open AI, Midjourney ou Stable Diffusion, para gerar imagens a partir de prompts de texto.

Essas 10 concorrentes foram cuidadosamente selecionadas de um grupo de mais de 1.500 inscritas para a final do ‘Miss AI’, agendada para o final de junho e será transmitida online pelos organizadores do ‘The World AI Creator Awards’. Para os envolvidos, este evento representa uma oportunidade única de exibir e desmistificar as habilidades extraordinárias da tecnologia. No entanto, para outros, isso levanta preocupações sobre a proliferação contínua de padrões de beleza irreais, muitas vezes associados a estereótipos raciais e de gênero, alimentados pelo aumento de imagens digitalmente aprimoradas online.

Gravadoras processam duas empresas de IA nos EUA por direitos autorais. Conheça Marissa Teijo, que participou do Miss Texas aos 71 anos. Katy Perry é alvo de fotos geradas por IA no Met Gala e responde: ‘Não fui’. A Dra. Kerry McInerney, pesquisadora do Centro Leverhulme para o Futuro da Inteligência da Universidade de Cambridge, expressou sua preocupação em uma entrevista à CNN, afirmando: ‘Acho que estamos começando a perder cada vez mais a noção de como é um rosto não editado’.

Cada concorrente apresenta uma personalidade única e distinta, juntamente com uma aparência singular. Um exemplo é Seren Ay, um avatar ruivo de olhos verdes que compartilha fotos no Instagram enquanto viaja pelo mundo e pelo tempo, posando ao lado do primeiro presidente da Turquia, Kemal Ataturk, no tapete vermelho do Oscar, ou explorando as ruas iluminadas por neon de Kyoto, Japão, à noite.

Além disso, assim como nos concursos tradicionais, alguns avatares de IA defendem causas específicas. Aiyana Rainbow, por exemplo, apoia a comunidade LGBTQ, com sua aliança literalmente representada em seu cabelo colorido de arco-íris e nome. Anne Kerdi destaca a importância da limpeza dos oceanos, sua região natal na Bretanha, França, e suas viagens. Zara Shatavari compartilha dicas valiosas em seu blog, desde lidar com a depressão até estratégias para perder ‘gordura teimosa da barriga’.

É evidente que a ‘beleza’ digital está redefinindo os padrões estabelecidos, tanto na comunidade LGBTQ quanto na sociedade em geral. No entanto, a reflexão sobre os preconceitos raciais e de gênero embutidos nos padrões de beleza é essencial, mesmo em um contexto virtual impulsionado pela Inteligência Artificial.

Fonte: @ CNN Brasil