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Em busca de Tesouros no Lixo: Os Brasileiros que Revelam o que os Americanos Descartam
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Jogando lixo de luxo em Greenwood, Califórnia, videógrafos encontram tesouros em caçambas proibidas, capturados em perfis-no-Instagram.
A fila se estendia pelas ruas do centro de Recife, em pleno verão. Após longos minutos de espera, algumas pessoas se emocionavam com a oportunidade de conhecer a influenciadora digital brasileira, Marina Silva, que reside no Canadá e se tornou uma sensação nos vídeos de catando lixo.
No entanto, para muitos, essa prática não passa de um hobby, enquanto para outros é uma forma de conscientização sobre o impacto do lixo no meio ambiente. Infelizmente, o descarte inadequado ainda é uma grande despesa para a sociedade, resultando em uma enorme perda de recursos naturais.
A atividade-de-lixo é uma prática comum nos Estados Unidos
A expressão em inglês ‘mergulhar na lixeira’ descreve perfeitamente a ação de pessoas que vasculham caçambas de lixo em busca de produtos descartados, mas ainda em boas condições. Essa atividade, apesar de parecer estranha para alguns, tem ganhado popularidade, especialmente entre videógrafos e perfis-no-Instagram que compartilham suas descobertas.
No Brasil, o interesse por vídeos sobre o lixo nos Estados Unidos tem crescido, com muitos brasileiros ávidos por ver o que é descartado por lá. O encontro em São Paulo foi um reflexo desse fenômeno, com Adeline trazendo produtos encontrados para sortear entre os seguidores. São itens variados, como maquiagens, bolsas e objetos de decoração.
Alessandra Gomes, uma capixaba que também se aventura nessa atividade-de-lixo, relata a surpresa dos brasileiros com o desperdício nos EUA. Ela já encontrou desde edredons e sofás até alimentos descartados. A prática, embora não seja ilegal de forma geral nos Estados Unidos, pode ter suas nuances dependendo das leis locais.
Em 1988, no caso California contra Greenwood, a Suprema Corte americana determinou que não há expectativa de privacidade no lixo deixado na calçada. No entanto, regras específicas em diferentes regiões podem tornar a atividade ilegal, como invasão de propriedade privada ou desrespeito a placas de proibição.
Os vídeos gravados pelos brasileiros mostram suas descobertas, mas não revelam se eles infringiram alguma lei. Alguns casos resultaram em detenções após denúncias de lojas, levando os envolvidos a pagar fianças e comparecer a audiências judiciais. Mesmo assim, a prática continua atraindo a atenção do público.
André da Silva, um brasileiro com mais de 300 mil seguidores nas redes sociais, compartilha suas experiências de atividade-de-lixo, mesmo enfrentando situações em que foi abordado pela polícia. Apesar dos desafios, ele destaca a importância de mostrar o que é desperdiçado e como isso pode chocar as pessoas.
Jeff Ferrell, sociólogo e professor renomado, destaca que a atividade-de-lixo não é algo novo nos EUA e faz parte da rotina de muitos americanos há décadas. A prática, que pode gerar controvérsias e desafios legais, continua a despertar o interesse de pessoas ao redor do mundo, que buscam entender melhor o que é descartado e como isso impacta a sociedade.
Fonte: © G1 – Globo Mundo