Futebol – A Coragem de Igor Benevenuto: Intolerância e Identidade na Esfera Esportiva

Igor Benevenuto, 41, começou na arbitragem para concretizar sonho infantil e revelou ser homossexual, fenômeno raro no futebol.

Faz dois anos que Igor Benevenuto deixou os campos de futebol para se dedicar às cabines do VAR. Tinha 41 anos. Contudo, a mudança mais significativa não foi essa. No mesmo ano, ele optou por revelar abertamente sua intolerância no meio futebolístico. Tornou-se o primeiro árbitro Fifa a tomar essa atitude. Em uma entrevista para o podcast ‘Nos Armários do Vestiário’, conduzido pela jornalista Joanna de Assis, ele expressou suas incertezas sobre o impacto dessa decisão.

Enquanto alguns aplaudiam a coragem de Igor, outros demonstravam intolerabilidade e aversão diante da situação. A incompatibilidade de alguns com a diversidade e a rejeição àqueles que fogem dos padrões estabelecidos ainda são desafios presentes no mundo esportivo. Porém, Igor Benevenuto permanece firme em sua autenticidade, desafiando a intolerância e inspirando outros a fazerem o mesmo.

Intolerância e aceitação no futebol

Profissionalmente, Benevenuto continuou atuando como enfermeiro e marcando presença na arbitragem, seja nos jogos das Séries A e B ou nas eliminatórias. Destaca-se sua participação como único árbitro brasileiro no Mundial sub-17, em 2023, na Indonésia. Pessoalmente, Benevenuto compartilhou a importância de se libertar, de viver plenamente sua identidade, sem enganar a si mesmo ou aos outros, e de desfrutar de seus relacionamentos sem restrições.

Para Benevenuto, a intolerância era um obstáculo em sua jornada. Ele enfrentou a intolerabilidade de não poder ser quem era, a aversão de ser julgado por sua orientação sexual e a incompatibilidade de viver sua verdade. No entanto, ele encontrou força em seu ponto-chave, que foi descobrir sua paixão pelo futebol e pela arbitragem, uma figura diferente e especial que o inspirou a seguir seu caminho.

Mesmo em meio a campanhas de conscientização e celebrações como o orgulho LGBTQIA+, Benevenuto reconheceu a persistência da repugnância e da rejeição em relação à diversidade no futebol. Ele sabia que o caminho seria desafiador, mas decidiu adotar uma estratégia corajosa de se abrir para o mundo do futebol, mesmo enfrentando a intolerância e os preconceitos.

O futebol se tornou não apenas uma paixão, mas também uma ferramenta de inserção social para Benevenuto, que encontrou apoio em sua família após revelar sua orientação sexual. Apesar dos desafios e da rejeição inicial, ele descobriu que a aceitação e o amor superam qualquer forma de intolerância. A jornada de Benevenuto é um lembrete poderoso da importância da autenticidade e da inclusão, mesmo em face da intolerância que ainda permeia muitos aspectos da sociedade.

Fonte: @ ESPN