Interoperabilidade: O caminho para a redução das emissões de carbono.

No Brasil, interoperabilidade do mercado regulado e voluntário de carbono pode servir de lição para o mundo, com Sistemas-de-comércio-de-emissão, Políticas-de-governo e Projetos-de-carbono-privados.

Até recentemente, acreditava-se que os mercados de carbono regulados e voluntários operavam separadamente, mas isso mudou com o cenário pós-Acordo de Paris. A conscientização sobre a importância da redução das emissões de carbono impulsionou a integração desses mercados, criando novas oportunidades e desafios para os participantes.

Com a crescente pressão por ações climáticas, a distinção entre mercados regulados e voluntários torna-se cada vez mais não aplicável. As empresas estão buscando maneiras de reduzir sua pegada de carbono e se engajar em práticas sustentáveis, independentemente do contexto regulatório. Nesse novo contexto, a colaboração e a inovação são essenciais para impulsionar a transição para uma economia de baixo carbono.

Desafios e Oportunidades na Gestão de Carbono

Em um cenário global em constante evolução, a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) tornou-se uma prioridade para todos os países. As Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) estabelecem metas ambiciosas que requerem ações concretas para mitigar os impactos do carbono na atmosfera. Nesse contexto, as políticas de governo desempenham um papel fundamental na orientação das estratégias de mitigação, reduzindo a dependência de iniciativas voluntárias do setor privado.

A precificação do carbono, por meio de sistemas de comércio de emissão, tem se destacado como uma ferramenta eficaz para incentivar a redução das emissões. Além disso, a regulação governamental sobre projetos de carbono privados está se tornando cada vez mais relevante para garantir o cumprimento das metas estabelecidas nas NDCs. A integração de projetos de carbono privados em políticas públicas abre novas oportunidades para a geração de créditos de carbono e impulsiona a transição para uma economia de baixo carbono.

A interoperabilidade entre os diferentes atores do mercado de carbono é essencial para garantir o sucesso dessas iniciativas. O Acordo de Paris reconheceu o potencial dos instrumentos de mercado para impulsionar a cooperação entre os países na redução das emissões. A eficiência econômica proporcionada pelos mercados de carbono pode incentivar uma maior ambição na mitigação, criando um ambiente propício para acordos bilaterais e compartilhamento de resultados.

No entanto, a utilização de projetos de carbono privados para cumprir as metas das NDCs levanta questões importantes sobre a contabilização das reduções de emissão. Os ajustes correspondentes são essenciais para garantir a integridade ambiental dessas transações e evitar a dupla contagem de créditos de carbono. Os países que hospedam esses projetos enfrentam desafios semelhantes aos das companhias aéreas, tendo que equilibrar a oferta de reduções de emissão com suas próprias metas de mitigação.

A capacitação dos países na operacionalização do artigo 6 do Acordo de Paris é fundamental para garantir a transparência e a eficácia dos mercados de carbono internacionais. A venda excessiva de Créditos de Mitigação Internacional Transferíveis (ITMOs) pode comprometer a integridade do sistema, resultando em práticas de ‘overselling’ e a necessidade de adquirir créditos de carbono no mercado internacional.

Portanto, a gestão eficaz do carbono requer uma abordagem holística que leve em consideração não apenas os aspectos econômicos, mas também os impactos ambientais e sociais das ações de mitigação. A colaboração entre os setores público e privado é essencial para alcançar as metas estabelecidas nas NDCs e garantir um futuro sustentável para as gerações futuras.

Fonte: @ Valor Invest Globo