Tratamento ampliado para o câncer do colo de útero no Brasil: novas perspectivas e esperanças | VEJA

Imunoterapia é recomendada para casos avançados e de alto risco, reduzindo risco de morte em 42%, especialmente em recém-diagnosticados com doenças alto-risco e locais avançados, com opções de quimioterapia e radioterapia.

A batalha contra o câncer de colo do útero, igualmente chamado de câncer cervical, ganhou um novo reforço neste período com a ampliação da recomendação no Brasil de um tratamento que pode diminuir a evolução da doença e também a chance de óbito em 42%.

Além disso, a conscientização sobre a importância da prevenção de tumores está crescendo, especialmente no que diz respeito ao câncer cérvico. A detecção precoce desses tumores é fundamental para aumentar as chances de cura e melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas pela doença.

Avanços no Tratamento do Câncer Cervical com Imunoterapia

Recomendada para casos de metástase, a imunoterapia pembrolizumabe está sendo cada vez mais indicada para pacientes recém-diagnosticados com tumores de alto risco e localmente avançados. A recente aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ocorreu no final de abril, seguindo a ampliação de sua indicação nos Estados Unidos.

A possibilidade de tratar pacientes com câncer cervical recém-diagnosticados em estágios avançados foi baseada em um extenso estudo envolvendo 176 centros médicos e 1.060 pacientes. Esses pacientes foram tratados com a combinação de imunoterapia e os tratamentos convencionais, como quimioterapia e radioterapia.

Anteriormente, a indicação para mulheres com metástase além do colo do útero já existia, porém, agora, a imunoterapia também está sendo recomendada para casos localmente avançados, quando o tumor se espalha para outras regiões, como linfonodos, vagina ou órgãos próximos. Esse avanço é significativo para cerca de 60% das mulheres brasileiras diagnosticadas com essa doença.

De acordo com Márcia Datz Abadi, diretora médica da farmacêutica MSD no Brasil, os resultados são promissores. Além da redução de 42% na progressão da doença ou morte por câncer cervical, o acompanhamento de duas anos mostrou que 68% das pacientes que receberam a imunoterapia em combinação com quimiorradioterapia permaneciam vivas e livres de células cancerígenas em comparação com 57% no grupo de controle.

Márcia enfatiza a importância de oferecer tratamentos avançados para pacientes recém-diagnosticados, visando evitar a recorrência do câncer e melhorar a qualidade de vida. Ela destaca a necessidade de investir em rastreamento, prevenção e vacinação para evitar futuros casos dessa doença evitável.

O câncer cervical, causado pela infecção pelo HPV, é o terceiro tipo mais comum de câncer entre mulheres e o quarto que mais resulta em mortes. Pacientes com HIV têm até cinco vezes mais chances de desenvolver tumores. Globalmente, são registrados cerca de 570 mil novos casos e 311 mil mortes anualmente, com o Brasil contabilizando aproximadamente 17 mil novos diagnósticos e 7 mil mortes por ano, segundo o INCA.

Além dos exames regulares, a vacinação contra o HPV é a principal forma de prevenção. No SUS, a vacina está disponível gratuitamente para crianças, adolescentes, pacientes oncológicos, vítimas de violência sexual e pessoas imunossuprimidas, como portadores de HIV e transplantados.

Fonte: @ Veja Abril