Viúva pede indenização de 40 milhões por assédio sexual e criação de centro de treinamento na Caixa

Sérgio Batista, que investigava assédio moral-sexual em instituição, morreu após saltar do 7º andar. Falta estrutura, acolhimento, ações para saúde mental. Estresse emocional forte, decepção profunda, ausência treinamento.

A funcionária bancária Edneide de Nazaré Lisboa ingressou com uma ação na Justiça do Trabalho em Brasília buscando uma indenização de 40 milhões de reais da Caixa Econômica. Ela foi casada com o diretor de Controles Internos e Integridade do banco, Sérgio Ricardo Faustino Batista, que faleceu em 2022, após pular do sétimo andar do edifício principal da instituição, em Brasília, em meio a alegações de assédio sexual.

A denúncia de assédio contra o diretor veio à tona nos meses anteriores à sua trágica morte. A funcionária alegou que enfrentou assédio sexual no ambiente de trabalho, sem apoio e proteção da empresa. Nenhuma medida efetiva foi tomada, resultando em consequências devastadoras para sua saúde mental e emocional, além de impactar sua vida pessoal de forma irreparável.

Denúncias de Assédio Moral e Sexual na Caixa Econômica Federal

O setor liderado por Sérgio tinha a responsabilidade crucial de investigar uma série de denúncias chocantes de mulheres que eram vítimas de assédio moral e sexual por parte do então presidente da Caixa, Pedro Guimarães. A batalha contra esses abusos foi intensa, mas envolta em desafios. O advogado Roberto Caldas, que representa a viúva, enfatiza que o suicídio de Sérgio foi mais do que uma fatalidade no ambiente de trabalho; foi um trágico acidente que poderia ter sido evitado, se não fosse pela negligência da empresa.

Responsabilidade da Empresa e Impactos na Saúde Mental

Caldas ressalta que a Caixa tem sua parcela de responsabilidade devido ao clima de assédio moral organizacional, à falta de estrutura de acolhimento e à ausência de ações para preservar não apenas a saúde mental, mas a integridade psicológica de seus colaboradores. A situação era alarmante, o desamparo evidente. A norma simples de travas nas janelas, medida preventiva básica para a segurança, sequer foi cumprida.

Necessidade de Mudanças e Centro de Treinamento

Para além da compensação financeira de 40 milhões de reais por danos morais, a família busca na Justiça do Trabalho uma medida crucial: a implementação de um centro de treinamento especializado para prevenir e combater o assédio moral e sexual. É uma demanda não só por justiça, mas por uma transformação na cultura corporativa, buscando evitar futuras tragédias e garantir um ambiente de trabalho saudável e seguro.

Impacto Emocional e Luta por Justiça no Ambiente de Trabalho

Após o terrível acontecimento que envolveu o presidente do banco, Sérgio revelou estar sob um forte estresse emocional. A ação judicial destaca o profundo abatimento do ex-diretor, que se viu em uma situação de desamparo ao não conseguir conter as práticas abusivas que testemunhou. A decepção profunda virou um grito de socorro, ecoando em sua mensagem final, onde expressou seus pensamentos sombrios e a necessidade de apoio.

Busca por Mudança Cultural e Prevenção de Tragédias Futuras

A viúva, determinada, vê na ação contra o banco não apenas o direito à reparação, mas a possibilidade de catalisar uma mudança significativa na cultura corporativa, protegendo assim outros funcionários de possíveis desfechos trágicos. É uma luta por um ambiente de trabalho mais saudável, onde a segurança e o respeito sejam pilares inegociáveis. A luta contra o assédio, sexual ou moral, é um caminho árduo, mas essencial para o bem-estar de todos.

Fonte: @ Veja Abril