Desvendando a Fauna Silvestre de São Paulo: Um Inventário que Rompe com o Mito da ‘Selva de Pedra’

Inventário 2023 registrou 1.354 espécies de fauna silvestre na capital, com mais de 30 anos de divisão e biodiversidade.

O gavião preto foi avistado pela primeira vez, em São Paulo, em 2023. Foto: Divulgação/SVMA/Prefeitura de São Paulo. À primeira vista, pode ser difícil imaginar que a cidade de São Paulo, em meio a milhares de edificações, ofereça abrigo para qualquer variedade de fauna.

No entanto, a fauna silvestre da região surpreende pela sua diversidade. A preservação dos habitats naturais é essencial para garantir a vida de inúmeras espécies e manter a rica biodiversidade local.

Levantamento da Fauna Silvestre e a Biodiversidade em São Paulo

É com o intuito de desvendar a concepção de que a cidade de São Paulo seja apenas uma ‘selva de pedra’ que a Divisão de Fauna Silvestre (DFS), vinculada à Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), realiza um minucioso inventário da vida animal silvestre na região. A bióloga e líder da equipe do DFS, Letícia Zimback, ressalta a relevância do Inventário da Fauna Silvestre de São Paulo. Na última edição, baseada em dados coletados em 2023, foram identificadas 1.354 espécies no município paulistano, um acréscimo de 22 em relação a 2022.

Novas Descobertas na Fauna Silvestre de São Paulo

Durante as pesquisas, foram documentadas novidades, como a identificação inédita da presença do gavião-preto e dos morfos, uma espécie de borboletas neotropicais. O trabalho, que teve início como uma iniciativa interna, evoluiu para embasar informações visando o desenvolvimento de políticas públicas. Letícia destaca: ‘Estamos conseguindo ultrapassar as barreiras e alcançar um público mais amplo, que não necessariamente está ligado à área, mas que passa a ter acesso aos dados e a incentivar novas pesquisas’.

Variedade da Fauna e Desafios de Conservação

O inventário revelou a existência de 830 espécies de vertebrados, distribuídas entre 57 peixes, 89 anfíbios, 59 répteis, 516 aves e 109 mamíferos. Além disso, foram catalogados 524 invertebrados, incluindo 345 lepidópteros, que desempenham papel crucial como indicadores da qualidade ambiental. Entre os dados, destaca-se um dado preocupante: 172 espécies presentes em São Paulo estão sob ameaça de extinção, o que corresponde a 12,7% do total, evidenciando a necessidade de intensificar ações e políticas de conservação da fauna.

Transformando a Percepção sobre a Fauna Urbana

Letícia ressalta a diversidade de ambientes em São Paulo, que vão desde matas e áreas de represa até espaços urbanos arborizados, atraindo uma fauna que muitas vezes passa despercebida. O Inventário da Fauna Silvestre, lançado pela primeira vez em 1993, teve como propósito auxiliar equipes envolvidas no resgate e reintegração da fauna local. Além disso, o inventário apoia ações de manejo para animais vítimas de acidentes, como atropelamentos e colisões.

Esse trabalho pioneiro pela biodiversidade também contribui para lidar com situações de agravos à fauna, como atropelamentos, colisões com estruturas de vidro, predação por animais domésticos e tráfico de animais. A DFS desempenhou um papel fundamental ao iniciar o mapeamento da fauna na cidade, preenchendo lacunas de informações e promovendo a conservação da vida selvagem em São Paulo.

Fonte: @ Terra