Descoberta de túnel secreto e mercado do crime em presídio paraguaio dominado por rival de facções brasileiras

Operação Veneratio descobriu prisão controlada por Armando Javier Rotela, líder de facção com 7 mil membros. Intervenção evitou tentativa de fuga de mulheres clandestinas.

Uma nova descoberta abalou a rotina de um presídio no Paraguai. Durante a operação Veneratio, policiais paraguaios encontraram um túnel secreto, dinheiro e um mercado do crime dentro de uma cela, revelando mais uma faceta do controle do narcotráfico pelo criminoso local Armando Javier Rotela. A ação teve o objetivo de retomar o controle do presídio de Tacumbú, na capital Assunção, e expôs a complexidade da situação dentro das instalações.

Armando Javier Rotela é acusado de chefiar uma facção que administra o tráfico de drogas em centros urbanos do Paraguai. A facção conta com cerca de 7 mil membros e disputa o controle do crime na região com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho, revelou o criminologista Juan Mertens em entrevista à AFP. A penitenciária, que já estava sob controle do narcotraficante, revelou-se ainda mais complexa com a descoberta do túnel e do mercado dentro de uma das celas, demonstrando a amplitude do controle exercido por Rotela.

Polícia encontra grande quantia em dinheiro escondida em presídio

A polícia informou ter encontrado cerca de 100 milhões de guaranis (equivalente a cerca de R$ 67 mil) embaixo da cama de um aliado de Rotela no presídio. Na cela, também foram encontradas drogas, bebidas alcoólicas e armas caseiras.

Descoberta de escritório clandestino no presídio

O local foi encontrado após policiais encontrarem um bilhete para um agente penitenciário com um pedido para que ele escondesse o que estava na cela. Ao verificarem o local, eles descobriram um ‘escritório’, em que só pessoas da confiança do narcotraficante poderiam entrar. Já no túnel, que seria usado em uma tentativa de fuga, também estavam máscaras, trituradores e ferramentas para escavar buracos e cortar barras de celas. O ministro da Justiça do Paraguai, Ángel Barchini, acredita que a construção do túnel e o armazenamento das mercadorias foi executado com a ajuda de agentes penitenciários.

Operação Veneratio resulta em mortes e transferência de presos

Na segunda-feira (18), um policial e nove detentos morreram durante a intervenção na penitenciária de Tacambú. Outros 36 agentes e 25 presos ficaram feridos a tiros, disse o chefe da Polícia Nacional do Paraguai, delegado Carlos Benítez. A ação também terminou com a transferência de Armando Javier Rotela para o presídio Viñascué, nos arredores de Assunção. Outros 700 detentos foram distribuídos provisoriamente para outras unidades militares. A polícia encontrou 48 mulheres que viviam clandestinamente com seus companheiros no presídio. ‘Rotela vivia com a mulher, que está grávida. Tinha todos os confortos e administrava um pequeno supermercado com todo tipo de mercadoria’, declarou o chefe da operação, delegado Nimio Cardozo. O presídio Tacumbú registrou vários motins sob a liderança de Rotela. No último deles, em outubro, um detento morreu. A prisão abrigava quase 3 mil presos, o dobro de sua capacidade.

Fonte: G1 – Mundo