Superando a depressão: Wendell Lira revela que pensou em se matar dias antes de ganhar Prêmio Puskás

Ex-atacante participou do Programa MunDu Meneses falando sobre dificuldades enfrentadas após o Prêmio Puskás.

Wendell Lira foi o convidado desta semana do Programa MunDu Meneses e deu fortes declarações sobre a depressão. Vencedor do Prêmio Puskás pelo gol mais bonito de 2015, ele revelou que pensou em se matar dias antes de cerimônia na Fifa.

Wendell contou que a história aconteceu literalmente dias antes de vencer o Prêmio. Ele havia feito o golaço indicado para o Puskás em março de 2015 quando atuava pelo Goianésia no Campeonato Goiano. Depois ele ainda passou alguns meses defendendo o Tombense, mas acabou ficando desempregado e enfrentando um período de tristeza e abatimento.

Superando a depressão de modo inesperado

Em novembro daquele mesmo ano, Wendell, jogador de futebol, foi nomeado entre os 10 finalistas do Prêmio Puskás. A Internet brasileira mobilizou-se completamente a favor de Wendell. Os fãs votaram intensamente para garantir que ele ficasse entre os três melhores e, finalmente, para coroá-lo como vencedor. A cerimônia de anúncio ocorreu no início de janeiro de 2016.

Entretanto, mesmo enquanto alcançava o auge de sua carreira, Wendell travava uma dura batalha contra a depressão.

Alerta: os relatos a seguir são bastante poderosos e podem provocar gatilhos emocionais. O depoimento é apresentado na íntegra.

“Venho de uma situação muito difícil. Era extremamente pobre. De repente, comecei a ganhar muito dinheiro, comprei carro, apartamento… Porém, em um momento da minha vida, passei por sérias dificuldades quando saí do Goiás e fui viver com meu sogro. Olha que ideia maluca: passei 8 meses morando de favor com meu sogro, que por sua vez morava de favor com o seu sogro. Em uma casa de apenas dois quartos, viviam aproximadamente 15 pessoas, sendo que todos dormiam no chão.”

“As pessoas agiram muito gentilmente comigo, me acolheram. Mas, naquela época, eu não conseguia mais me enxergar como uma pessoa. Eu olhava para mim mesmo e pensava: ‘caramba, não consigo ajudar. Há 6 meses que não tenho nem um centavo no bolso, tudo o que toco dá errado, tudo o que faço falha’. Enquanto observava a vida de todos progredir, eu parecia atrapalhar tudo por onde passava. Achava que já não fazia mais parte daquele plano interessante.”

“Foi então que um cara me ligou para jogar futebol de várzea em Goianésia. Eu já tinha marcado gols na Copa do Brasil e no Campeonato Brasileiro, e agora estava recebendo convites para jogar por 150 reais. No entanto, eu não possuía nada no bolso. Falei que aceitaria a proposta, mas, no momento em que o fiz, minha mãe tocou a buzina na porta de casa. Ela disse que Deus havia tocado o coração do meu irmão, que me deu 50 reais. Aquilo simplesmente acabou comigo. Porque, em outros momentos, ajudei minha mãe, comprei um apartamento, uma moto… Sempre busquei cuidar da minha família. E, naquele instante, me senti terrivelmente mal. Não era um problema de ego, mas sim um vazio tão imenso, um sentimento de tristeza tão profundo…”

“No momento, eu tinha um carro Peugeot com 10 parcelas atrasadas e o banco estava ligando para retomá-lo. Cheguei a cogitar que pegaria os 50 reais, abasteceria o carro, daria 100 reais para minha esposa e depois me jogaria na frente de um caminhão. Senti que queria acabar com aquilo porque minha família não deveria carregar todo aquele peso que eu trazia. Naquela madrugada, beijei minha esposa e ela percebeu que algo estava diferente. Então, segui em viagem para Goiânia, chorando o tempo todo. Mas não consegui me jogar debaixo de um caminhão. Chorei, chorei, chorei.”

“Ao chegar em Goiânia, minha mãe me ligou e contou que minha tia teve um sonho em que eu me jogava na frente de um caminhão. Eu comecei a chorar. Minha mãe, em prantos, veio me procurar e disse que Deus queria falar comigo. Ele disse: ‘Deixei-te passar por um vale, pelo fundo do poço. Foste grandemente humilhado, as pessoas riram muito de ti. Contudo, agora, segurarei-te pelas pontas dos dedos, levantar-te-ei e te colocarei entre os grandes desta terra, para que engrandeças o nome de Deus’.”

“A partir daquele dia, minha vida mudou completamente. Hoje, minha família vem me visitar aqui em São Paulo. Poderia ter perdido todos os bens mais preciosos da minha vida: minha esposa, meu filho e as pessoas que me amam. Se estou de pé hoje, se estou vivo, é graças às pessoas que não me conheciam e votaram, fazendo toda a diferença. Minha família sente uma enorme gratidão por todos que me auxiliaram

Busque apoio

Se estiver lutando contra pensamentos suicidas, busque aconselhamento especializado, como o CVV (Centro de Valorização da Vida), um serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio. Todas as pessoas que desejem e precisem conversar encontrarão total sigilo e anonimato ao utilizar os serviços do CVV, que oferece atendimento por meio do site www.cvv.org.br, pelo número 188 (disponível 24 horas e sem custos), chat, e-mail e também pessoalmente.

Além disso, procure ajuda nos CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) e nas UBS (Unidades Básicas de Saúde) de sua localidade. Esses serviços são oferecidos gratuitamente e visam atender às necessidades de saúde mental de qualquer pessoa. Para obter mais informações, entre em contato com o Disque Saúde, ligando para o número 136.

Fonte: ESPN – Futebol