Milei lidera protesto de rua e desafia autoridades no primeiro motim do novo governo

Presidente argentino reforça lei e ordem com pacote antipiquetes e ameaça cortar benefícios sociais de quem bloquear o tráfego.

Marcada por um tom mais contundente, a ministra do Capital Humano do presidente Javier Milei, Sandra Pettovello, alertou os manifestantes sobre os perigos de terem seus benefícios sociais suspensos caso interrompam o fluxo de vias públicas nesta quarta-feira (20), durante o protesto. benefícios sociais

O embate inicial entre grupos de trabalhadores e a nova administração representa um desafio duplo e coincide com a marcha tradicional deste 20 de dezembro, em comemoração aos 22 anos da revolta social que culminou na renúncia do então presidente Fernando de la Rúa, um verdadeiro motim popular.

Presidente fortalece medidas contra manifestações piquetistas

O presidente está determinado a abalar os alicerces da cultura piqueteira, enraizada no país há mais de duas décadas. Na segunda semana no cargo, Milei acionou a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, para colocar em prática um pacote antipiquetes que se resume basicamente na aplicação da expressão lei e ordem. A regra é simples: só é permitido marchar na calçada.

‘O primeiro dia vai ser desafiador, mas será feito. Estamos decididos a fazer cumprir a lei e a ordem, elas geram liberdade, e a liberdade gera progresso’, alertou a ministra e ex-candidata presidencial derrotada no primeiro turno pela coalizão do ex-presidente Mauricio Macri.

Beneficiários de planos sociais sob mira do governo

Bullrich promete identificar os beneficiários de planos sociais entre os manifestantes que desrespeitarem os limites e cruzarem o meio-fio, interrompendo o tráfego. Para isso, contará com a ajuda de drones e cruzará dados obtidos por fotos e documentos.

Quem quiser se manifestar, que o faça estritamente na calçada, em fila única. Se avançar para a rua, estará cometendo um crime e perderá a ajuda do Estado, especificou a ministra da Segurança.

Confronto de ideias: liberdade de protesto e lei e ordem

Há muito em jogo nesse primeiro desafio de organizações de trabalhadores a Milei e ao seu plano de ajustes, traduzido por alta de preços e desvalorização do peso. Ambos os lados clamam por liberdade — a do direito de protestar e a de ir e vir sem bloqueios.

O esforço da repressão está concentrado na pasta de Bullrich e na obsessão de impedir o fechamento de ruas e avenidas. Resta saber se a ameaça de cortes de benefícios sociais será suficiente para desmobilizar manifestantes e desmantelar uma cultura tão enraizada na sociedade argentina.

Fonte: G1 – Mundo