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Eleições em Taiwan: Presidente é eleito em meio a ameaças da China de esmagar plano de independência.

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Do Vale do Silício a Taiwan: veja a evolução tecnológica mundial da produção dos chips Imagem da véspera das eleições em Taiwan — Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters - Todos os direitos: G1

A China rejeita o partido independentista em meio à crise política na província rebelde. Xi Jinping alerta sobre desfechos conforme resultado das eleições. EUA mantêm ambiguidade estratégica.

A eleição do presidente em Taiwan foi iniciada na noite de sexta-feira (11) e continua neste sábado. A importância do resultado é bem maior do que a da pequena nação, localizada a apenas 180 quilômetros da costa da China. Os eleitores de Taiwan estarão decidindo o futuro do país com a escolha do seu novo presidente, em um momento crucial para as relações internacionais.

Taiwan, que é um dos territórios mais indefinidos do atual cenário geopolítico mundial, é também um dos mais estratégicos para potências mundiais. A eleição do novo presidente de Taiwan poderá ter um impacto significativo nas relações entre os Estados Unidos e a China, além de influenciar diretamente a estabilidade da região.

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‘Crise na escolha do presidente em Taiwan’

Para a China, está ocorrendo uma província rebelde que continua integrada ao seu território. Já para o governo de Taiwan, a ilha é um estado independente, com gestão constitucional própria, e por muitos anos foi reconhecida como o governo chinês em exílio. Isso porque os atuais governantes de Taiwan foram os opositores derrotados na década de 1940 pelos comunistas que atualmente lideram a China.

A eleição tem capacidade de piorar as relações já não tão boas entre Taiwan e China, e até acelerar planos chineses de invadir a ilha.

Horas antes do início da eleição, a China fez ameaças diretas aos políticos favoráveis à independência de Taiwan: o governo chinês afirmou que vai tomar todas as medidas para ‘esmagar’ qualquer plano de independência e que isso não é compatível com a paz.

‘Noite tensa no fuso horário de Taiwan’

Nenhum dos partidos candidatos é aliado da China — e o atual grupo que lidera Taiwan, favorito nas pesquisas, é hoje o principal adversário.

Os principais partidos são os seguintes:

  • Partido Democrático Progressista (PDP), o atual grupo que está no poder e líder em 2024. O candidato deles é Lai Ching-te, vice-presidente da atual presidente, Tsai Ing-wen.
  • Kuomintang (KMT), um partido historicamente adversário dos chineses, mas que, hoje, são os preferidos do governo de Xi Jinping. O candidato deles é Hou Yu-ih.

A principal diferença entre os dois é que o PDP é independentista, ou seja, quer acabar de vez com qualquer pretensão de uma unificação com a China.

o KMT considera que Taiwan e China são um país só, mas que o regime chinês não tem legitimidade para governar.

‘Foco na questão da guerra civil’

Na primeira metade do século 20, houve uma guerra civil na China. Os comunistas, liderados por Mao Tse Tung, foram os vencedores. Os derrotados foram justamente para Taiwan. Durante anos, tanto o lado chinês quanto o de Taiwan diziam que tinham legitimidade para governar a China inteira (tanto a continental como a ilha).

Até hoje, o nome oficial de Taiwan é República da China; o nome oficial da China continental é República Popular da China.

O KMT é o partido que perdeu a guerra civil para o Partido Comunista em 1949.

‘Eleições e política externa’

Professor doutor da Universidade de São Paulo, Yi Shin Tang afirma que em Taiwan o governo é muito centralizado e que a votação para presidente alimenta muitas paixões. ‘As campanhas são ferrenhas, os interesses são grandes e há duas superpotências interessadas no resultado: os Estados Unidos e, especialmente, a China’.

Xi Jinping, o líder da China já fez algumas ameaças veladas contundentes de como pode haver desfechos diferentes de acordo com o resultado da votação, segundo o professor Tang.

Recentemente os chineses aumentaram a quantidade de exercícios militares ao redor da ilha de Taiwan e enviaram balões para sobrevoar o território.

Em um discurso de fim de ano, Xi Jinping disse que ‘a China certamente será reunificada’.

‘O resultado (da votação em Taiwan) é muito importante para o Xi Jinping, porque é uma questão de sobrevivência política dele: ele transformou a pauta de Taiwan em uma espécie de espantalho para não discutir publicamente os problemas da China, como o menor crescimento econômico dos últimos anos’, diz Tang.

‘A ideia de a China incorporar Taiwan de forma pacífica é cada vez menos provável. Os taiwaneses estão cada vez mais felizes com seu próprio sistema’, afirma o professor da USP.

De acordo com a agência de notícias Reuters, o governo da China detesta o candidato do PDP, Lai Ching-te, e já recusou diversas propostas de encontro para conversas com ele. O governo da China tem falado das eleições como uma escolha entre paz e guerra, diz que o partido que pode ser reeleito é de separatistas perigosos e pede para que os eleitores de Taiwan façam ‘a escolha certa’.

O governo de Taiwan diz que a China tem promovido uma campanha de desinformação na internet a favor de candidatos favoráveis à China continental. Os chineses respondem dizendo que as alegações do PDP são ‘truques sujos’.

‘Desejo de independência em Taiwan’

Yi Shin Tang, o professor da USP, diz que a maioria dos cidadãos de Taiwan hoje é favorável à independência e a um afastamento da China. ‘O próprio KMT hoje não fala mais tanto em integração, eles são mais ambíguos, dizem que Taiwan precisa se aproximar (da China), mas sem falar em China única, e o o PDP é mais contundente’, diz ele.

Há outras questões em jogo, principalmente temas econômicos, o custo de vida em Taiwan e a vulnerabilidade externa do ponto de vista de recursos naturais, segundo ele.

‘Cenário eleitoral em Taiwan’

Há ainda um terceiro partido, o Partido Popular de Taiwan (PPT), do candidato Ko Wen-je. Eles têm uma proposta de terceira via moderada entre o KMT e o PDP.

A legislação do pais não permite que pesquisas sejam divulgadas nos dez dias anteriores à votação. No dia 3 de janeiro, as pesquisas davam os seguintes números:

  • PDP (partido independentista): 36%
  • KMT (partido favorável a manter boas relações com a China): 31%
  • PPT (partido de centro): 24%

‘Posição dos EUA e da China’

Os EUA têm uma política de ambiguidade estratégica em relação à Taiwan. Logo após a revolução chinesa de 1949, os EUA reconheceram o KMT como o governo legítimo da China. No entanto, em 1975, isso mudou. Os EUA passaram a reconhecer a China e, oficialmente, não veem Taiwan como nação, mas mesmo assim apoiam a ilha militarmente.

Para Taiwan, a situação política nos EUA não é favorável, segundo Tang.

Joe Biden, o atual presidente, tem tido dificuldade para conseguir apoio para Israel, e também teria problemas para ajudar militarmente Taiwan no caso de uma invasão. Donald Trump, o candidato do Partido Republicano mais bem colocado nas pesquisas, já verbalizou que não pretende intervir –o que, diz Tang, seria uma carta branca para Xi Jinping agir.

Nas análises sobre a situação de Taiwan, fala-se muito sobre China e EUA, mas além desses dois há um terceiro país que vai estar especialmente atento, o Japão.

Taiwan foi um protetorado do Japão durante décadas, e as ilhas são próximas. Para Tang, o Japão não teria como auxiliar militarmente, mas pode atuar diplomaticamente para chamar atenção para a questão da ilha.

Fonte: G1 – Mundo

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