Zinho revela ‘treta’ nos bastidores da saída do Palmeiras e sua trajetória até a Tríplice Coroa no Cruzeiro.

Zinho, meio-campista do Palmeiras, relembra transferência para o Cruzeiro em entrevista à ESPN, em maio de 2003.

Nesta quarta-feira (6), Cruzeiro e Palmeiras se enfrentam no Mineirão, às 21h30 (de Brasília), pela 38ª rodada do Campeonato Brasileiro. Um empate basta ao Palmeiras para confirmar a conquista de seu 12º título do torneio.

Ao longo da história, celestes e Palestra Itália compartilharam vários ídolos. Um deles foi o meio-campista Zinho, que foi multicampeão no Verdão em várias passagens e depois também arrebentou na Raposa da Tríplice Coroa.

Uma nova história no Palmeiras

Após conquistar uma sequência de troféus ao longo de dois períodos na

época Parmalat

do Palmeiras, o craque retornou ao Alviverde em 2002, contratado durante um momento de destaque no Grêmio.

Sua 3ª passagem pelo Palestra Itália, no entanto, não teve um desfecho positivo, já que Zinho fez parte do time que foi rebaixado pela primeira vez na história para a Série B.

No ano seguinte, o Tetracampeão do mundo surpreendeu ao anunciar que permaneceria no Verdão para buscar o retorno à elite. No entanto, muita coisa mudou meses depois.

Quando tocou o telefone da minha casa…

O acordo com o Cruzeiro foi rápido: liberado do Palmeiras em 2 de maio, Zinho foi anunciado pela Raposa seis dias depois.

Conversando com a reportagem, o ex-meio-campista revelou os detalhes de como foi a negociação, iniciada a pedido de um velho conhecido: Vanderlei Luxemburgo.

Naquela época, o técnico estava montando o elenco que

arrasaria

os adversários no Brasileirão e na Copa do Brasil.

Por conhecer profundamente o futebol de Zinho, que foi um dos pilares de sua equipe na

época Parmalat

, Luxa agiu rapidamente para garantir a contratação do reforço.

Um dia, toca o telefone da minha casa. Era o PC Gusmão, auxiliar do Vanderlei no Cruzeiro. Eles sabiam que eu tinha acabado de sair do Palmeiras. Eles me ligaram e falaram que o (meio-campista) Martinez tinha sofrido uma lesão grave no joelho e não poderia mais jogar na temporada

, revelou.

Eles precisavam de um jogador experiente para ocupar a mesma posição. Por isso, me ligaram e foram bem diretos: ‘Olha, Zinho, você vai vir para cá compor elenco, pela sua idade [na época, 37 anos]. Eu tenho um esquema tático, mas quero montar um grupo forte, já que teremos muitos jogos no ano’

, contou.

Eu estava no fundo do poço

Para adaptar Zinho ao Cruzeiro, Luxemburgo percebeu que o meia precisava de um trabalho especial tanto na parte física quanto psicológica.

O próprio ex-jogador admite que estava no

fundo do poço

ao deixar o Palmeiras, ainda afetado pelo rebaixamento para a Série B, e que precisou

ralar muito

para se ajustar ao que Luxa queria em Minas.

Quando fui para o Cruzeiro, houve um preparo específico comigo. Preparação física, parte nutricional… A nutricionista até foi na minha casa, conversou bastante com a minha esposa. Toda essa atenção me ajudou a ‘renascer’, me deu muita força e motivação

, relatou.

Foi necessário um trabalho árduo por parte do Vanderlei e da comissão técnica, pois aconteceram muitas coisas antes no Palmeiras… Eu estava no fundo do poço, desanimado pra caramba. Mas saí do Palmeiras e conquistei meu 5º título do Brasileiro

, observou.

Nessa época, eu quebrei vários recordes… Me tornei recordista de títulos do Brasileiro, recordista em número de jogos. Lembro que, naquele momento, superei o Wladimir, do Corinthians, como jogador mais velho que mais atuou. Depois fui ultrapassado pelo Rogério Ceni e outros goleiros, mas durante um tempo o recorde foi meu

, brincou.

Acabou sendo um ano maravilhoso e brilhante. Até hoje sou grato pelo que o Cruzeiro e o Vanderlei me proporcionaram

, completou.

Foi necessária uma atenção cuidadosa, um trabalho específico para mim. Tivemos muitos resultados positivos. Tínhamos que ajudar e contribuir. Estou satisfeito de ter chegado, dar minha contribuição e ajudar. felizmente, foi muito bom e muito especial para a minha carreira

, encerrou.

Luxa me deu a camisa 10 e a faixa

Curiosamente, Zinho não é considerado campeão da Copa do Brasil, já que ele havia jogado pelo Palmeiras na competição e não pôde atuar pelo Cruzeiro.

No entanto, o craque afirma que se sente campeão do torneio, já que participou integralmente com o grupo nas atividades.

Eu estava no elenco, e era uma peça importante no dia a dia, nos treinos, nas concentrações. Eu seguia a rotina com o time antes dos jogos da Copa do Brasil e viajava com a equipe, mesmo sem poder entrar em campo

, relatou.

Já no Brasileirão, Zinho jogou normalmente e foi extremamente relevante para a conquista do título.

Foi ele, inclusive, quem marcou um dos gols na vitória por 2 a 1 sobre o Paysandu, em 30 de novembro de 2003, que garantiu a conquista celeste.

Nesse jogo, aliás, coube ao veterano substituir o grande astro da equipe, o armador Alex, que estava suspenso.

Mesmo com 37 anos, eu estava fisicamente muito bem. Cheguei ao meu melhor peso como atleta, que foi 72kg. Minha preparação foi satisfatória, e eu pude contribuir mais do que o Vanderlei esperava

, admitiu.

Em muitos jogos, eu comecei atuando e acabei sendo decisivo para a conquista do título. Naquele dia, o astro do time, que era o Alex, estava suspenso e não podia jogar. O Vanderlei me deu a camisa 10 e a braçadeira de capitão

, lembrou.

Ele me pediu para mudar de posição naquele jogo contra o Paysandu. Geralmente, eu jogava ao lado de Alex, mais como um terceiro homem de meio-campo. Mas, naquela ocasião, fui centralizado ao lado do atacante. Deu tudo certo, até porque marquei o gol logo aos 7 minutos do 1º tempo

, celebrou.

Aquele foi um dos melhores jogos da minha carreira. Fui muito bem, digamos que substituí o Alex à altura. Foram momentos muito marcantes na minha passagem pelo Cruzeiro

, terminou.

O meio-campista permaneceu no Cruzeiro até o final daquela temporada, acertando em seguida sua transferência para o Flamengo, clube que o revelou.

Fonte: ESPN – Futebol