Meio Ambiente
Dengue: Como o El Niño pode agravar ainda mais a situação da pandemia
O médico infectologista explica que o mosquito evoluiu para conviver com o homem. Espera-se pico da epidemia no final de março e começo de abril, com perspectiva de piora do quadro.
Com o início do verão e o aumento das chuvas, a população brasileira já começa a se preocupar com a dengue, uma vez que o mosquito transmissor da doença se reproduz em águas paradas. No entanto, o atual período se torna ainda mais desafiador devido à presença do El Niño.
🦟 De acordo com o médico infectologista Stefan Cunha Ujvari, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a dengue é uma doença endêmica. ‘O mosquito transmissor, o aedes aegypti, evoluiu para conviver com o homem’, ressaltou ele em entrevista ao podcast O Assunto desta quarta-feira (24). A presença do mosquito e a propagação da doença são desafios constantes para a população e as autoridades de saúde.
Predominância do tipo três: Observações sobre o avanço da dengue
‘A disseminação da doença da dengue está sujeita a vários fatores, e um dos mais significativos é o aumento da temperatura que favorece a reprodução do mosquito, juntamente com períodos de chuvas intensas. E isso se intensifica, principalmente, durante os eventos de El Niño.’
🌡️Caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, o fenômeno El Niño ocorre com certa regularidade a cada dois a sete anos. Sua duração média é de cerca de doze meses, contribuindo diretamente para o aumento da temperatura global.
‘Estamos passando por um verão com uma onda de calor muito intensa. E quanto maior a temperatura, maior é a propensão do mosquito em buscar sangue humano’, acrescentou o especialista, que também é autor do livro ‘A história das epidemias’.
Stefan também explica que há previsão de um pico da epidemia para o final de março e início de abril, o que indica uma ‘probabilidade considerável de agravação do quadro’.
Observações sobre a propagação da dengue
Transmitida através da picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, a doença da dengue possui quatro sorotipos distintos.
Nesta temporada, em particular, especialistas e profissionais da saúde têm observado um aumento significativo do tipo três, em contraste com outras épocas, quando era mais comum as pessoas se contaminarem pelos tipos um e dois.
No entanto, isso não implica que o tipo três seja mais grave. O que ocorre é que pessoas previamente infectadas pelo vírus da dengue tendem a apresentar casos mais sérios da doença em uma segunda infecção.
‘Se considerarmos que historicamente convivemos muito mais com a dengue tipo um e o tipo dois, então existe uma proporção de pessoas que já foram contaminadas por esses dois tipos de vírus. Portanto, se a dengue três começa a circular mais, é por isso que supomos que ela esteja se tornando um pouco mais grave. No entanto, não é que ela [tipo três] seja intrinsecamente mais perigosa. A questão é que agora ela está se tornando predominante e está afetando pessoas que anteriormente contraíram dengue pelos [tipos] um ou dois.’
Ouça a íntegra do episódio aqui.
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O podcast O Assunto é produzido por: Mônica Mariotti, Amanda Polato, Carol Lorencetti, Gabriel de Campos, Luiz Felipe Silva e Thiago Kaczuroski. Neste episódio colaborou: Sarah Resende.
VEJA CORTES DO PODCAST O ASSUNTO EM VÍDEO
Fonte: G1 – Meio Ambiente