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Vida Livre: A história de como minha mãe me disfarçou de menino por 10 anos para eu viver com plena liberdade
Nilofar viveu como menino por quase 10 anos para fugir do controle repressivo do Talebã sobre as mulheres no Afeganistão.
A vida livre de Nilofar Ayoubi foi interrompida aos 4 anos de idade, quando ela sofreu uma agressão violenta nas ruas de Kunduz, no norte do Afeganistão. A bofetada que a jogou no chão deixou marcas que continuam vívidas em sua memória duas décadas depois.
A história de Ayoubi é um exemplo gritante da falta de liberdade e autonomia que muitas crianças enfrentam em diversas partes do mundo, onde a violência e a insegurança prejudicam sua infância e seu desenvolvimento. A busca por uma vida livre de medo e violência é um direito fundamental de todas as crianças, e é responsabilidade de cada um de nós trabalhar para garantir que elas possam crescer em um ambiente seguro e acolhedor.
Vida Livre em Kunduz
Pouco antes de impactar Ayoubi, o desconhecido acariciou o peito dela procurando por sinais de ‘feminilidade’. Em seguida, ele a ameaçou, afirmando que se ela não usasse o véu, na próxima vez o alvo seria o pai da menina.
Infância em Kunduz
Ayoubi nasceu em 1996, mas seus documentos de identidade indicam que ela nasceu em 1993. Seu pai fez essa alteração para que ela pudesse iniciar os estudos o mais rápido possível após a intervenção dos EUA em 2001, que derrubou o governo talebã.
Liberdade
Diante do pai, com os cabelos raspados e as roupas dos irmãos, Ayoubi estava prestes a iniciar uma vida radicalmente diferente das outras meninas de sua idade — incluindo suas próprias irmãs.
Construção de Confiança
Ao crescer com duas identidades, Ayoubi sempre se sentiu diferente. Talvez a única pessoa que compreendesse verdadeiramente o que ela vivia fosse uma vizinha, uma menina da mesma idade que também se vestia como um menino.
De volta à Realidade
Aos 13 anos, depois de uma tarde intensa de judô, Ayoubi chegou em casa cansada, encontrou-se sangrando e percebeu que aquilo mudaria radicalmente sua vida — mais uma vez.
Rebeldia
Os anos de vida como homem marcaram a identidade de Ayoubi. Ela tinha uma confiança que as outras meninas da escola não possuíam.
A fuga
Apesar do sucesso financeiro da família de Ayoubi no Afeganistão, a situação política instável no país começou a pesar. Em agosto de 2021, o Talebã conquistou a capital Cabul, mudando completamente o rumo da vida dela.
Uma nova vida
Depois de uma viagem ‘infernal’ de três dias, sua família chegou à Polônia para começar uma nova vida.
Essa força, aliás, é necessária para que Ayoubi possa seguir com seu sonho de vida: ‘Não quero ser alguém que nasceu, viveu alguns anos e morreu sem contribuir com nada.’
Este texto é uma adaptação do programa Outlook da BBC.
Fonte: G1 – Mundo