Tecnologia
Anatel critica a construção da usina e alerta para riscos à internet no Brasil: entenda!
SPU-CE aprovou obra de usina na Praia do Futuro, Fortaleza. Cabos submarinos podem ser rompidos, alerta Anatel. Riscos para internet.
A usina de dessalinização na Praia do Futuro, em Fortaleza (CE), teve seu projeto aprovado pela Superintendência do Patrimônio da União (SPU-CE) nesta semana, o que tem gerado polêmica. A obra visa transformar a água do mar em água potável e enfrenta oposição de alguns setores.
A construção da usina na Praia do Futuro, em Fortaleza, é alvo de debate devido aos potenciais riscos listados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A obra está localizada em uma região estratégica por onde passam cabos de internet que conectam o Brasil, tornando-se uma questão complexa e controversa.
Usina em construção pode impactar serviço de internet no Brasil
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e as operadoras de internet questionam a obra, uma vez que ela pode romper cabos submarinos que passam pela capital cearense e impactar o serviço de internet no Brasil.
A Anatel classifica a obra da usina como ‘indesejável e imprudente’ e diz que ‘existem outras opções para a sua realização’. O órgão ainda afirma que a SPE – Águas de Fortaleza, responsável pelo projeto, não considera riscos e nem segue as 11 recomendações do International Cable Protection Committee (ICPC).
A construção da usina para transformar a água do mar em água potável começará em março de 2024, com prazo para conclusão no primeiro semestre de 2026. A intenção do governo do Ceará é aumentar em 12% a oferta de água na região metropolitana Fortaleza.
Entenda os riscos, segundo a Anatel
Em nota enviada ao g1, a Anatel diz que ‘reitera oposição à construção da usina de dessalinização na Praia do Futuro nos termos do atual projeto, e recomenda alteração do projeto de construção para outro local’.
Porém, os cabos de fibra ótica na região são essenciais para o funcionamento das telecomunicações e da conexão de internet no Brasil. Além disso, os cabos submarinos de internet estão ancorados na Praia do Futuro, desde antes da privatização desse setor. A manutenção desses fios é lenta e complexa, pois envolve navios de grande porte, equipamentos subaquáticos e mergulhadores; e podem sofrer com o aumento da demanda de tráfego de internet todos os anos. De acordo com a Anatel, os responsáveis pela usina não apresentaram planejamento detalhado das medidas que serão adotadas para garantir que ela não provoque interferências nos cabos.
A importância de Fortaleza para a internet brasileira
A capital cearense se tornou chave para a conexão de cabos submarinos de internet devido a sua proximidade relativa com a Europa, a África e o restante das Américas. No Brasil, eles também se ligam a Salvador, ao Rio de Janeiro e a Santos. ‘No assoalho oceânico, tem rochas, correntes submarinas, regiões mais profundas e outras mais planas. O assoalho de Fortaleza é favorável’, diz um professor de Engenharia da Computação na Universidade Federal do Ceará (UFC). Outro fator que contribui para a importância de Fortaleza na área é a presença de grandes empresas de telecomunicações. ‘O mercado local de internet no Ceará é muito pujante. No top 10 de maiores provedores de internet do Brasil, tem empresas cearenses ao lado de multinacionais’, explica o diretor de tecnologia da empresa de telecomunicações Sage Networks, Thiago Ayub.
O que dizem os outros órgãos
A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) diz que a usina ‘não apresenta nenhum risco ao funcionamento dos cabos submarinos localizados na Praia do Futuro’.
Em outubro, a associação de operadoras TelComp, que inclui empresas como a cearense Brisanet, já havia afirmado que ‘a discussão sobre a construção da usina é legítima e a implementação de tal política pública é necessária’, mas alegou que ‘existem locais mais adequados e seguros para sua instalação’ e que a escolha pela construção na Praia do Futuro é ‘infeliz, inoportuna e inapropriada’.
A Conexis, associação onde estão operadoras Claro, Vivo, Tim, Oi, Algar Telecom e Sercomtel, afirma que suas associadas ‘manifestam preocupação com os riscos apontados pela área técnica da Anatel.
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Fonte: G1 – Tecnologia