Tecnologia
Explorando o First Mile: descubra mais sobre a tecnologia de espionagem da Cognyte
Tecnologia israelense monitorou localização de políticos, policiais e juízes. PF investiga a operação, mas a empresa não apresenta informações sobre o sistema em seu site.
A Polícia Federal iniciou mais uma ação na manhã de hoje (25) contra suposta atividade de espionagem ilegal na Abin.
Segundo informações da GloboNews, um dos envolvidos é o ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que liderou a agência durante o governo de Jair Bolsonaro.
A utilização da tecnologia de espionagem, desenvolvida pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint), foi descoberta em março, pelo jornal O Globo.
First Mile é o software espião de localização de celulares
A PF conduziu uma investigação que revelou que o governo adquiriu um software que recorre ao recurso de GPS para monitorar a localização de celulares de servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas e até juízes.
Segundo a denúncia, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) confirmou ao g1 que fez uso da tecnologia de espionagem First Mile. Esse programa foi adquirido nos últimos dias do governo Temer, próximo à posse de Jair Bolsonaro, e utilizado até parte do terceiro ano do seu mandato.
Ansiosamente, a agência informou que o contrato 567/2018, confidencial e encerrado em 8 de maio de 2021, iniciou-se em 26 de dezembro de 2018. A Abin declara que a solução tecnológica em questão não está mais em uso desde então.
Primeiras descobertas sobre o software First Mile
Desde março de 2023, o g1 tem tentado contato com representantes da Cognyte, no entanto a empresa não tem retornado as nossas tentativas. Em seu site, ela se apresenta como ‘líder de mercado em software de análise investigativa’, mas não contém informações detalhadas sobre o First Mile.
Em maio de 2019, a Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate) verificou que a empresa Suntech representa e é ‘desenvolvedora do VERINT First Mile – Geolocalização Celular Remota’ no Brasil. A Abin não informou se adquiriu o software através da Suntech, e o g1 também não conseguiu contato com a representante.
As informações iniciais sobre o software atestam que:
- o First Mile permitia o monitoramento de até 10 mil donos de celulares a cada 12 meses. O número do contato telefônico desejado era inserido no programa, de acordo com O Globo. O software localizava os aparelhos que utilizam as redes 2G, 3G e 4G.
- De acordo com a Data Privacy Brasil, além de rastrear a localização aproximada dos dispositivos, o sistema também podia gerar alertas sobre a rotina de movimentação dos alvos de interesse.
- denunciava empresas israelenses que capturam dados de localização de pessoas em vários países, disse que a Cognyte/Verint comercializa todo tipo de ferramenta de espionagem. A partir do número de telefone da pessoa, uma das tecnologias vendidas poderia localizar o indivíduo por meio de torres de celular próximas.
- A ‘Forbes’ identificou que, para isso, segundo fontes anônimas, a Cognyte/Verint explora o sistema de vendas de anúncios online.
O posicionamento da Abin
Leia na íntegra a nota da Abin de outubro de 2023 sobre o uso do software:
‘A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) informa que, em 23 de fevereiro de 2023, a Corregedoria-Geral da ABIN concluiu Correição Extraordinária para verificar a regularidade do uso de sistema de geolocalização adquirido pelo órgão em dezembro de 2018.
A partir das conclusões dessa correição, foi instaurada sindicância investigativa em 21 de março de 2023. Desde então, as informações apuradas nessa sindicância interna vêm sendo repassadas pela ABIN para os órgãos competentes, como Polícia Federal e Supremo Tribunal Federal.
Todas as requisições da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal foram integralmente atendidas pela ABIN. A Agência colaborou com as autoridades competentes desde o início das apurações.
A ABIN vem cumprindo as decisões judiciais, incluindo as expedidas na manhã desta sexta-feira (20) [trecho sobre outra operação da PF que prendeu dois servidores em outubro passado]. Foram afastados cautelarmente os servidores investigados.
A Agência reitera que a ferramenta deixou de ser utilizada em maio de 2021. A atual gestão e os servidores da ABIN reafirmam o compromisso com a legalidade e o Estado Democrático de Direito.’
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Fonte: G1 – Tecnologia