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Meio Ambiente

A promessa do novo oceano na África: a divisão do continente em dois.

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em

mar
Fenda de 60 quilômetros de extensão na região de Afar, em uma das áreas mais inóspitas do planeta, aberta após 420 terremotos e atividade vulcânica em 2005. — Foto: PROF. J. R. ROWLAND, UNIVERSIDADE DE AUCKLAND via BBC Cientistas estudam falha no deserto da Etiópia: início de novo oceano? — Foto: PROF. J. R. ROWLAND, UNIVERSIDADE DE AUCKLAND via BBC Vista aérea da Depressão de Afar, área que em centenas de milhares de anos deve ser inundada por águas do Mar Vermelho e do Golfo de Aden. — Foto: PROF. J. R. ROWLAND, UNIVERSIDADE DE AUCKLAND via BBC Maior iceberg do mundo se desprende e segue em direção ao oceano Antártico - Todos os direitos: G1

Abertura de fenda de 60 km no deserto da Etiópia indica expansão do Mar Vermelho pela região de Afar, dividindo continente.

Cientistas anunciaram a descoberta de um novo oceano em formação na África. A expectativa era de que esse processo levasse entre 5 e 10 milhões de anos, mas estudos recentes indicam que pode acontecer mais rapidamente do que o esperado.

A pesquisadora da Universidade de Tulane, nos Estados Unidos, tem se dedicado ao estudo desse fenômeno desde os anos 1980 e se tornou uma autoridade no assunto.

👉 De acordo com o site Google Acadêmico, a pesquisadora tem mais de 16 mil citações por seus pares e já publicou 17 artigos, a maioria relacionada ao novo oceano que está se formando na região de Afar, nas fronteiras de três placas tectônicas, a Arábica, a Africana (também conhecida como Núbia) e a Somaliana.

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Extensão do Mar Vermelho

A oceanógrafa vem observando a questão desde os anos finais da década de 1980. Em 1998, publicou em uma das principais revistas científicas, a Nature, seu artigo de maior impacto na comunidade científica, que já foi citado mais de 900 vezes por outros pesquisadores: Cenozoic magmatism throughout East Africa resulting from impact of a single plume (‘Magmatismo do Cenozoico em toda a África Oriental resultante do impacto de um único ponto quente’, em tradução livre).

🌋 Em sua pesquisa, ela investigou o impacto do magma no planalto etíope com um modelo que pode ser generalizado para a ação vulcânica em toda a África Oriental, que já ocorre há 45 milhões de anos.

Ela também observou que ‘os maiores volumes de magma estão nos planaltos etíopes e na África Oriental, cobrindo mais de mil quilômetros de largura, cortados pelo Mar Vermelho, o Golfo de Aden e sistemas de rifte da África Oriental’.

Talvez antes do que se pensava

‘Um pequeno vulcão subterrâneo (nessa região da Etiópia) está impedindo a passagem de uma vasta extensão de água salgada’, explicou Ebinger.

🌊 As três placas tectônicas — a Somaliana, a leste; a Africana (ou Núbia), mais extensa; e a Arábica, ao nordeste — estão exercendo pressão sobre uma placa menor, a Victoriana. Quando uma fenda se abre nesse choque de placas, uma parte da placa Somaliana pode se soltar em direção ao Oceano Índico, abrindo espaço para um novo oceano.

As três placas tectônicas estão se movendo a ritmos distintos.

  • A Arábica está se afastando 2,5 centímetros por ano da África.
  • As outras duas, meio centímetro, cada.
  • Esse movimento lento dividirá o continente ao meio, cortando uma imensa massa de água salgada proveniente do Mar Vermelho e do Golfo de Aden.

➡️ A principal evidência para a teoria veio de um evento colossal ocorrido em 2005. Naquele setembro, 420 terremotos sacudiram o solo de uma região desértica na Etiópia. A atividade vulcânica lançou cinzas no ar.

Durante esse processo, uma fenda com 60 quilômetros de extensão se abriu na região de Afar, uma das áreas mais inóspitas do mundo.

➡️ Um estudo divulgado em 2009, liderado pelo geofísico Atalay Ayele, da Universidade de Addis Ababa, da Etiópia, identificou que três fontes de magma causaram o evento, nos complexos vulcânicos de Dabbahu-Gab’ho e Ado’Ale, com a maior parte do fluxo vindo do segundo.

Segundo o artigo de Ayele, publicado na revista científica Geophysical Research Letters, essa ‘crise vulcânica-tectônica’ irá ‘eventualmente formar a morfologia de uma incipiente fenda oceânica’.

Em resposta a perguntas sobre o estudo feitas por e-mail à BBC Brasil, o geofísico esclareceu: ‘Várias atividades de ruptura já estão em andamento. A placa africana está se movendo para o norte e colidindo com a placa da Eurásia, criando montanhas nos Alpes’.

❗ No entanto, esse processo geológico não ocorrerá nem nos próximos séculos, nem em algumas dezenas de milênios.

Expansão no Mar Vermelho

No mês passado, Ayele e Ebinger fizeram parte de um grupo de nove cientistas que publicou, no periódico Tectonophysics, um estudo que apresentou um modelo em 3D das ações geológicas ocorridas na região.

Eles detectaram novas e volumosas crostas balsâmicas se formando na região e que a camada sob a Depressão de Afar teria uma espessura menor do que 25 quilômetros.

‘Esses padrões sugerem (…) uma zona estreita de início de expansão do assoalho marinho na depressão de Afar’, comentaram os pesquisadores no artigo.

‘Eventos intensos podem acelerar o processo da abertura da fenda e da passagem de água salgada’, teoriza a oceanógrafa Cynthia Ebinger, em entrevista à BBC Brasil, realizada por videochamada.

Ela estima agora que levará menos de um milhão de anos para formar o novo oceano, a partir das águas do Mar Vermelho.

🚨 ‘Mas também pode ocorrer um grande terremoto que acelere ainda mais’, afirma ela.

‘O problema é que a ciência atual não consegue prever com precisão eventos como erupções vulcânicas e terremotos.’

As pesquisas sobre a grande fenda formada no deserto da Etiópia têm como objetivo não só responder a questões sobre acontecimentos que só devem ocorrer em centenas de milhares de anos, mas também criar modelos sísmicos capazes de prever com maior precisão futuras catástrofes ambientais.

‘Temos objetivos mais imediatos, como ajudar a aprimorar nossa capacidade de nos proteger dos fenômenos naturais’, conclui Ebinger.

Fonte: G1 – Meio Ambiente

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