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Exigência de aulas presenciais em EAD: Como isso pode afetar milhões de estudantes universitários
1,6 milhões de estudantes matriculados em cursos de licenciatura, incluindo Pedagogia, no ensino superior. Carga horária: presencial e EAD. CNE, MEC, Transição de qualidades, CPC, formação de professores. Regime: presencial e remotamente. FAP apoia pesquisa. Cursos licenciatura: ensino superior, modalidade EAD.
A Associação Brasileira de Ensino a Distância (ABED) manifestou apreensão em relação à imposição do Ministério da Educação (MEC) de validar a deliberação do Conselho Nacional de Educação (CNE) que planeja tornar obrigatória a exigência de aulas presenciais em EAD para os cursos de licenciatura e Pedagogia.
Essa decisão de inserir aulas físicas obrigatórias em cursos a distância pode impactar significativamente a forma como a educação é ministrada no Brasil, desafiando a tradição de aulas presenciais e demandando uma adaptação rápida das instituições de ensino e dos estudantes.
Discussão sobre a Exigência de Aulas Presenciais em EAD
De acordo com a instituição em questão, a imposição da exigência de aulas presenciais em EAD pode impactar negativamente milhões de brasileiros que buscam acesso ao ensino superior. Atualmente, segundo dados da ABED, cerca de 3,5 milhões de pessoas estão matriculadas em cursos de ensino superior na modalidade EAD, sendo que 1,6 milhão desses alunos estão em cursos de licenciatura que podem ser diretamente afetados por essa mudança.
A proposta do Ministério da Educação é homologar a decisão do Conselho Nacional da Educação (CNE) e estabelecer um período de transição para a implementação dessa medida. A justificativa do MEC é a necessidade de reavaliação do ensino a distância, considerando o aumento expressivo de cursos nessa modalidade, muitos dos quais não atendem aos critérios estabelecidos de qualidade.
A recente pesquisa divulgada pelo Ministério da Educação revela que apenas 450 cursos de ensino superior na modalidade EAD alcançaram notas 4 ou 5 no Conceito Preliminar de Curso (CPC), o que corresponde a aproximadamente 26,6% dos cursos avaliados. Esses números indicam a necessidade urgente de aprimoramento e fiscalização na qualidade dos cursos oferecidos remotamente.
O presidente da ABED, João Mattar, destaca a importância de garantir a qualidade da formação de professores, ressaltando que é fundamental evitar um cenário em que a educação seja comprometida devido à falta de critérios e padrões na modalidade EAD. A atuação do Tribunal de Contas da União (TCU) nesse sentido é vista como preventiva e essencial para assegurar a excelência do ensino.
Desafios na Formação de Professores na Modalidade EaD
Segundo dados do ‘Todos pela Educação’, a formação de professores por EaD registrou um aumento significativo nos últimos dez anos no Brasil, com seis em cada dez formandos de cursos de licenciatura optando por estudar remotamente. Essa tendência de crescimento acelerado levanta questões sobre a qualidade e eficácia desse modelo de ensino.
O estudo aponta que, apesar do aumento na oferta de cursos de licenciatura na modalidade EaD, houve uma queda no desempenho dos estudantes, especialmente em áreas como Artes Visuais, Ciências Biológicas, Educação Física, Física, Letras, Música, Pedagogia e Química. A avaliação dos alunos desses cursos se distancia da obtida pelos estudantes de cursos presenciais, revelando desafios a serem enfrentados.
Adriano Coelho, presidente da consultoria Hoper Educação, destaca que, embora o número de cursos de licenciatura tenha aumentado, é fundamental garantir a qualidade desses cursos. Dos 4.750 cursos de licenciatura oferecidos no país, apenas 271 alcançaram a nota máxima no Enade 2021, demonstrando a necessidade de reavaliação e aprimoramento contínuo na formação de professores, seja presencialmente ou à distância.
Fonte: © CNN Brasil