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Fundos de investimento perdem bilhões com saque de investidores em busca de retorno na renda fixa com Selic alta
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Em meio a conflitos geopolíticos e juros elevados, a indústria de fundos de investimento enfrentou desafios significativos no último ano. A aversão ao risco levou a uma fuga de investidores, impactando diretamente o cenário de investimentos brasileiro.
Os fundos registraram uma saída líquida de R$ 127,9 bilhões ao longo de 2023, conforme relatório da Anbima. Mesmo diante deste cenário desafiador, os produtos de investimento continuam a oferecer oportunidades para os investidores que buscam diversificar suas aplicações e atingir seus objetivos financeiros a longo prazo.
Investimentos na mira dos brasileiros em busca de fuga robusta
Desse montante, os fundos de renda fixa, ações e multimercados totalizaram perdas de R$ 211,1 bilhões — parcialmente compensadas pela captação positiva de R$ 66,2 bilhões de produtos estruturados em 2023.
Segundo Pedro Rudge, vice-diretor da Anbima e sócio fundador da Leblon Equities, os resgates refletem as condições macroeconômicas voláteis no Brasil e no mundo inteiro.
Rudge explicou: ‘A dificuldade em 2023 se deve à alta volatilidade do mercado. Em alguns momentos, a percepção de risco foi maior, e os investidores preferiram buscar alternativas mais seguras.’
A atração dos fundos está diretamente relacionada à rentabilidade e, no último ano, a maioria dos fundos multimercados — que podem investir em várias classes de ativos — apresentou rendimentos inferiores ao CDI, juntamente com uma grande parte dos fundos de renda fixa.
Portanto, se os gestores enfrentam dificuldades em fornecer retornos positivos, os investidores começam a procurar alternativas para alocar seu capital.
Fuga robusta e benefício fiscal: para onde foi o dinheiro dos fundos de investimento?
Então, por que os investidores abandonaram os fundos no ano passado? E mais crucial do que isso, para onde foi todo esse capital?
Em suma, a busca por maior rentabilidade e a fuga da mordida do Leão da Receita Federal impulsionaram a saída bilionária dos fundos de investimento.
De acordo com a Anbima, os investidores brasileiros trocaram os fundos por aplicações em títulos de renda fixa no ano anterior — e os principais destinatários desses recursos foram os títulos bancários, especialmente aqueles que contam com isenção de imposto de renda (IR).
Somente em títulos com benefício fiscal, os investimentos totalizaram R$ 283,9 bilhões até novembro de 2023 — superando as saídas líquidas dos fundos. Isso inclui produtos como letras de crédito imobiliário (LCI), letras do agronegócio (LCA), certificados de recebíveis (CRAs e CRIs), letras imobiliárias garantidas (LIGs) e debêntures incentivadas.
Mesmo sem a isenção de IR, outros títulos bancários, como os CDBs, atraíram investimentos de R$ 119,8 bilhões ao longo do último ano até novembro.
Valorização de produtos de investimento com benefício fiscal
Produto | Investimentos (R$ bilhões) |
Var (%) |
---|---|---|
LCA | 106,6 | 34,6% |
LCI | 100,9 | 46,7% |
CRA | 26,2 | 36,2% |
LIG | 20,6 | 23,8% |
CRI | 20,0 | 48,9% |
Debêntures incentivadas | 9,7 | 12,7% |
Total títulos isentos | 283,9 | 35,5% |
CDB | 119,8 | 16,8% |
Títulos Públicos | 28,8 | 21,4% |
Debêntures tradicionais | 4,8 | 37,0% |
Poupança | -44,2 | -4,7% |
Total demais títulos | 109,2 | 6,0% |
TOTAL | 393,1 | 15,1% |
Benefício fiscal atrai investimentos, prevê receita federal
De acordo com Pedro Rudge, vice-diretor da Anbima, a tendência é que o fluxo de recursos para LCIs, LCAs e outros títulos bancários de renda fixa continue no curto prazo.
Rudge afirmou: ‘Essa tendência pode persistir nos primeiros seis meses de 2024 devido à atratividade das taxas de juros e à procura por instrumentos mais seguros que ofereçam retornos interessantes. Se tiver isenção fiscal, melhor ainda!’
Embora o ciclo de redução da taxa Selic já esteja em andamento, os juros devem permanecer em níveis elevados durante a primeira metade de 2024 devido ao ritmo de reduções de 0,50 pontos percentuais por reunião proposto pelo Copom, segundo análise da Anbima.
Segundo o executivo, se os anos anteriores foram marcados por um período difícil para fundos de maior risco, a primeira metade de 2024 deve registrar um alívio para essas classes, com uma realocação de ativos dos investidores em produtos mais arriscados.
‘A redução na Selic aumenta a atratividade de fundos com maior risco, e classes como multimercados, ações e fundos imobiliários tendem a ganhar maior relevância e atratividade em um contexto de juros mais baixos’, acrescentou Rudge.
Apesar disso, ainda não é possível enxergar uma migração de recursos de fundos de renda fixa para outras classes de investimentos, de acordo com o executivo.
O movimento em direção a essas alternativas de investimento foi sinalizado no final de 2023, mas a volatilidade logo interrompeu qualquer mudança significativa. No entanto, na primeira metade de 2024, é possível que ocorram algumas alterações.
Retorno positivo dos fundos de renda variável surpreende em 2023
Enquanto os fundos de renda fixa e multimercados enfrentaram dificuldades no último ano, as carteiras de renda variável foram a surpresa positiva de 2023, com retorno superior ao Ibovespa — desconsiderando os gestores de carteiras passivas, que devem seguir o índice.
‘Aqueles com uma perspectiva de longo prazo acabaram se beneficiando. Isso ressalta a importância da diversificação da carteira, evitando ficar restrito a apenas uma classe de ativos’, observou o executivo da Anbima.
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Fonte: © Seu Dinheiro