Futebol
OPINIÃO: Conexão Guimarães-Paquetá e o promissor futuro do futebol no Brasil
Na Inglaterra, a indústria do futebol se confunde com a seleção nacional, com ótimo pedigree e sinais promissores de elite internacional.
Oliver Holt, conhecido colunista do Daily Mail, fez uma aparição no ex-Twitter nos minutos finais do amistoso entre a seleção da Inglaterra e o time nacional do Brasil. Em meio à polêmica, Holt descreveu a sede pelo sangue de Southgate como forte entre os fãs mais fervorosos. Infelizmente, a língua portuguesa não oferece uma palavra que traduza
entitled
de forma apropriada, de modo que pessoa que acredita que seu privilégio é um direito é o melhor que se pode fazer. Os comentários ao tweet de Holt revelam a indignação com a qual essas pessoas receberam a descrição da atmosfera em Wembley enquanto os inventores do futebol eram derrotados pelo time B- do Brasil, com apenas dois dias de treino. A reação justifica o adjetivo escolhido.
O mundo futebolístico ficou agitado com as palavras de Oliver Holt sobre o confronto entre Inglaterra e Brasil. A expressão da ‘sede pelo sangue’ durante o amistoso gerou controvérsia entre os fãs do desporto, especialmente após a derrota dos inventores do futebol para o time B- do Brasil. A reação acalorada demonstra como as emoções estão à flor da pele quando se trata de confrontos internacionais.
Inglaterra vs Brasil: Análise do Amistoso Internacional
É crucial ter cuidado – não necessariamente ao nível Celso Roth – para avaliar um jogo como o de sábado (23), onde uma seleção estreante, repleta de jogadores de excelente pedigree, visita uma equipe desenvolvida em longo prazo da qual se espera a manutenção do status de favorito contra tudo e todos. Compreende-se que esta não é uma visão racional da seleção inglesa, mas, como é sabido, a percepção tende a ser mais forte do que a realidade, uma vez que é quase sempre mais sedutora. Os desfalques de ambos os lados contribuem para o prejuízo da análise, e não se pode esquecer que se trata da mínima amostra possível, um jogo. Do ponto de vista inglês, não se avalia um trabalho assim. Do ponto de vista brasileiro, nem sequer a mais sutil curva de atenção da história do futebol deveria ser suficientemente rápida para chegar a conclusões.
O Julgamento dos Trabalhos de Gareth Southgate e Dorival Júnior
É claro que a) o trabalho de Gareth Southgate foi avaliado, e b) conclusões foram tiradas após a estreia de Dorival Júnior. Não por coincidência, o mesmo tipo de fenômeno está envolvido em ambas as situações. A sede pelo sangue do treinador da Inglaterra resulta dos anos de bom desempenho do time, que, juntamente com a falta de conquistas, gera uma demanda exagerada sobre um time que tem, com boa vontade, não mais do que quatro jogadores de comprovado nível de elite internacional. Ao contrário do que ocorre na França, confunde-se a indústria do futebol inglês com a seleção nacional, numa receita que promete decepção. Como se diz nas salas de coaching motivacional, é aconselhável
moderar expectativas
, apesar da resistência dos entitlements a entender raciocínios dessa natureza.
Desempenho do Brasil e Fatores Importantes na Vitória em Wembley
Do lado brasileiro, sim, o começo do amistoso foi marcado por alguma dificuldade para sair de trás, e, sim, houve momentos em que ficou claro um revezamento das chamadas
para cortar o ritmo do jogo. No entanto, ignorar a velocidade com que o Brasil foi capaz de fazer a bola circular a partir do momento em que o time se sentiu mais confortável, seria uma injustiça. Da mesma forma, não mencionar que o gol de Endrick foi coerente com o que o jogo mostrava no segundo tempo, e não uma dessas anomalias que o futebol costuma produzir. O ponto mais notável da vitória em Wembley – algo simbólico, especialmente por ser uma estreia – talvez tenha sido a conexão entre Bruno Guimarães, com sua melhor atuação pela seleção, e Lucas Paquetá. Que os sinais promissores voltem a aparecer nesta terça-feira (26), em Madri, contra a Espanha.
Fonte: ESPN – Futebol
