Meio Ambiente
Pistas sobre a origem da vida na Terra: o ecossistema descoberto na Puna do Atacama
Ecossistema lagunar único na região do Puna do Atacama, na Argentina, com estromatólitos, protobactérias e baixa pressão de oxigênio.
A vida é incrível e cheia de mistérios. Este é o que muitos cientistas acreditam ter encontrado em um lugar remoto da Puna do Atacama, na Argentina.
A descoberta, feita por uma equipe de cientistas liderada pelo geólogo Brian Hynek, da Universidade do Colorado em Boulder, e pela microbióloga argentina María Farías, foi anunciada recentemente e trouxe novas perspectivas sobre a origem da vida.
👉Hynek e Farías analiam pistas sobre a origem da vida e encontraram o que parecia ser uma rede particular de aquíferos no meio do deserto, mostrando que a vida pode desafiar as expectativas e prosperar nos lugares mais inesperados.
Descoberta de Lagoas de Estromatólitos nos Andes
Decidiram realizar uma expedição para visitar esse planalto inóspito, situado a quase 4.500 metros de altitude, e se depararam com uma dezena de lagoas de águas límpidas e extremamente salgadas, cujos fundos estavam cobertos por montes verdes de estromatólitos.
Os estromatólitos, também conhecidos como rochas vivas, são recifes microbianos formados por grãos minerais colados por um grupo de bactérias.
Muitos acreditam que esses estromatólitos representam a mais antiga evidência fóssil de vida no planeta Terra, datando de pelo menos 3,5 bilhões de anos atrás, segundo a NASA. Esses fósseis são pistas importantes sobre a origem da vida.
Desde sua origem, os estromatólitos obtiveram energia do Sol e, por produzirem oxigênio, aumentaram o volume desse elemento químico na atmosfera do planeta para cerca de 20%, permitindo que a vida prosperasse na Terra.
Registros Fósseis do Planeta Terra
Quando os estromatólitos surgiram, os continentes ainda estavam em formação, resultando em muita atividade vulcânica.
As águas estavam carregadas de arsênico e eram muito mais salinas do que os mares atuais. Não existia oxigênio, nem camada de ozônio. Essas condições adversas propiciaram o surgimento das primeiras formas de vida, as protobactérias: bactérias que se associam e formam colônias. Durante esse processo de formação de colônias, as bactérias capturam dióxido de carbono e transformam parte dele em matéria orgânica.
Uma Jornada ao Mundo Primitivo
Os estromatólitos liberaram oxigênio primeiro nos oceanos, depois na atmosfera, e mais tarde, criaram a camada de ozônio. A vida nos estromatólitos é um relance do mundo de 3,5 bilhões de anos atrás, com características como baixos níveis de oxigênio, alta radiação ultravioleta, atividade vulcânica, e águas salinas. Alguns locais ao redor do mundo mantêm essas características, como a Austrália e a Puna do Atacama, na América do Sul. São ambientes especiais onde a vida se desenvolve sob condições extremas.
Todas essas descobertas são essenciais para desvendar a origem da vida e entender as condições do planeta Terra bilhões de anos atrás. O estudo desses ecossistemas únicos pode nos fornecer pistas valiosas sobre a origem e evolução da vida no nosso planeta e além.
Um Vislumbre de Marte
Estudar os estromatólitos e as condições extremas nas quais prosperam na Puna do Atacama também pode fornecer insights sobre outros mundos, como Marte. Os estromatólitos de gesso presentes nessa região têm muitas semelhanças com ambientes marcianos, especialmente em relação à alta concentração de sal e à ausência de congelação de água. Essas evidências nos fornecem um vislumbre único e importante das condições de outros planetas e nos ajudam a estabelecer conexões entre a vida na Terra e a possível vida em outros lugares do universo.
Fonte: G1 – Meio Ambiente