Meio Ambiente
COP 28: Novo rascunho é publicado com debate sobre a eliminação dos combustíveis fósseis
Negociações estavam previstas para terminar por volta das 11h, mas só no começo da madrugada o rascunho foi divulgado. Texto precisa de aval dos 198 países-membros da conferência.
Durante a 28ª conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP 28, foi divulgado o tão esperado texto final das negociações climáticas de Dubai.
O g1 obteve acesso antecipado ao documento e irá atualizar esta reportagem com os detalhes do texto.
Mais cedo, o representante dos EUA para questões climáticas, John Kerry, ressaltou o progresso do novo acordo, enfatizando uma abordagem mais incisiva em relação aos combustíveis fósseis.
O uso de carvão, petróleo e gás como fontes de energia proveniente de fontes poluentes tem sido cada vez mais questionado e o novo acordo busca medidas para reduzir a dependência dos países em relação aos combustíveis fósseis.
‘Parece que a abordagem está mais determinada [sobre o tema]’, afirmou categoricamente.
Texto final evidencia questões significativas
Durante a manhã, um representante da presidência do evento climático também havia noticiado que um primeiro esboço, divulgado no início da semana (11) e alvo de críticas intensas da parte de ecologistas por faltar os termos ‘extinção gradual’ em relação à geração de energia proveniente de fontes poluentes, tinha apenas o propósito de ‘incentivar as discussões’.
Quando questionado sobre a possibilidade de a presidência ser cobrada caso as negociações falhassem, Majid Al Suwaid, diretor-geral da conferência, expressou confiança no triunfo do encontro.
‘Após a publicação do nosso primeiro rascunho, fomos procurados pelas Partes [países e territórios envolvidos nas negociações] em tempo recorde’, declarou.
O que estava em jogo na cúpula do clima
A supressão dos combustíveis fósseis surgia como uma das questões mais cruciais discutidas neste ano. Entretanto, a discussão sobre o tópico resultou em vários obstáculos, especialmente nas horas finais das negociações. Entenda o que aconteceu:
- Os combustíveis fósseis são os grandes culpados pelo aumento da temperatura no planeta. Isso é um fato incontestável pela ciência. Por isso, muitos esperavam algum compromisso para gradualmente eliminar o carvão, o petróleo e o gás pela primeira vez numa reunião climática mundial.
- Surpreendendo muitos analistas, o primeiro rascunho do balanço global, o documento mais importante da cúpula em Dubai, NÃO citava claramente a extinção dos combustíveis fósseis (phasing out). Em vez disso, continha até mesmo retrocessos.
- Isso porque o texto enfatizava a proposta de eliminar gradualmente os subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis (ajudas financeiras ou descontos fiscais que inibem o investimento em fontes de energia limpa), ao invés da abordagem mais geral na COP 26, há dois anos, que buscava a eliminação de todos os subsídios, um termo mais abrangente.
- Segundo o Climate Action Network-International (CAN), uma das maiores organizações ambientais do mundo, cerca de 130 partes pressionaram neste ano por termos mais incisivos em relação ao tópico.
- O entrave é que para que um tópico de negociação seja aprovado, como o texto do balanço, todos os 198 países da COP devem chegar a um consenso.
- E conforme a agência Reuters, o presidente da COP 28, Sultan Ahmed Al Jaber, sofreu pressão por parte da Arábia Saudita, líder da OPEP, para não mencionar qualquer tipo de menção ao termo combustíveis fósseis no documento.
- Por isso, as negociações simplesmente não avançaram. O texto final da COP 28 deveria ser publicado na manhã de terça-feira, o que não aconteceu.
Logo após a publicação do primeiro rascunho, a ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, reagiu: ‘Fizemos uma proposta que aumentava a ambição e indicava um processo estruturado para um roteiro de extinção dos combustíveis fósseis. Isso desapareceu em termos de linguagem‘.
Entenda a situação dos combustíveis fósseis
Em sua 28ª edição, o encontro climático da ONU contou com a presença de cerca de 2.400 representantes da indústria de carvão, petróleo e gás.
🚨 Ecologistas denunciam que este é um recorde de pessoas pressionando para evitar medidas pela extinção dessas fontes poluentes, pauta crucial para enfrentar as mudanças climáticas.
Isso se dá pelo fato de que o aumento da temperatura global é causado pelos gases de efeito estufa que retêm o calor do nosso Sol na atmosfera. Estes gases, como o CO2 (gás carbônico), são liberados quando queimamos combustíveis fósseis, como carvão e petróleo, algo que não ocorria em grande escala antes da Revolução Industrial.
Desde então, os níveis de CO2 na atmosfera aumentaram em mais de 50% – e continuam a crescer. Como resultado, o aquecimento global está causando nosso planeta a ficar mais quente, intensificando uma série de problemas e ampliando fenômenos naturais, como incêndios, secas e tempestades cada vez mais frequentes ao redor do mundo.
VÍDEO: O que podemos esperar da COP 28?
LEIA TAMBÉM:
- Cúpula da COP oficializa Belém como sede da COP 30
- Noruega doa mais R$ 245 milhões para o Fundo Amazônia
Fonte: G1 – Meio Ambiente