Meio Ambiente
Análise da COP 28: Fim da era dos combustíveis fósseis – Forte em sinais, mas fraco em substância, faltam clareza e ambição, fim está próximo para a energia suja, veja avaliação de ambientalistas
Especialistas apontam que a versão do acordo ainda está distante do ideal diante da crise climática.
A COP 28, conferência do clima da Organização das Nações Unidas, chegou ao fim nesta quarta-feira (13) com a aprovação da versão final do acordo negociado entre 195 países.
Pela primeira vez, os países anunciaram o fim da era dos combustíveis fósseis. No entanto, especialistas alertam que o documento ainda precisa avançar consideravelmente, dada a gravidade da crise climática.
‘Estamos observando pela primeira vez um comprometimento em direção ao fim do uso de combustíveis fósseis. No entanto, é importante ressaltar que ainda há muito a ser feito. É crucial que os países em desenvolvimento e os países ricos se comprometam de forma conjunta com essa responsabilidade compartilhada’, afirmou Marina Silva, ministra do Meio Ambiente.
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Análise dos ambientalistas sobre a COP 28
Para Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, o resultado é ‘forte em sinais, mas fraco em substâncias’.
‘O governo brasileiro precisa assumir a liderança até 2024 e estabelecer as bases para um acordo da COP 30 em Belém que atenda às comunidades mais pobres e vulneráveis do mundo e à natureza. Ele pode começar cancelando sua promessa de se juntar à OPEP, o grupo que tentou e não conseguiu destruir essa cúpula. Sem uma ação real, o resultado de Dubai não será comemorado entre as comunidades de todo o mundo que estão sofrendo com os eventos climáticos extremos‘, disse.
Joab Okanda, analista sênior de Clima da Christian Aid, acredita a era dos combustíveis fósseis está chegando ao fim. ‘Talvez não tenhamos cravado o prego no caixão aqui na versão do acordo da COP 28, mas o fim está próximo para a energia suja. Agora, precisamos ver os países ricos dando seguimento às suas palavras calorosas sobre querer uma eliminação gradual dos combustíveis fósseis com ações concretas para efetivamente concretizá-la e encerrar o uso de carvão, óleo e gás até o final desta década’.
Para Javier Dávalos González, coordenador do Programa Climático da AIDA (Associação Interamericana para a Defesa do Meio Ambiente), ‘faltam a clareza e a ambição urgentemente necessárias para se tornar um instrumento útil para a próxima rodada de NDCs’.
‘Embora o texto mencione a redução do consumo e da produção de combustíveis fósseis de maneira justa e ordenada, as referências ao zero líquido e à meta de fazê-lo até 2050 são evidências de que a COP28 não entendeu a urgência da transformação necessária‘, completou o coordenador da AIDA.
Fonte: G1 – Meio Ambiente